Mulher é pé que apóia e sustenta, é coxa que elabora projetos de vida. É mama que direciona o caminho.
Mulher é nuca desejante. É ombro que carrega o mundo mas também se responsabiliza pelos próprios desejos.
Mulher é pelve que acolhe a intimidade, que abriga inúmeras possibilidades de criação, que aconchega e resguarda a opção escolhida e, que a partir desta decisão, viabiliza o caminhar no mundo.
Mulher é a visão que vê com os olhos da alma; os ouvidos que escutam os sons do universo; a boca que degusta as delícias do mundo; o olfato que cheira os aromas da sensorialidade e; a pele que sente o contato do outro.
Mulher é o yin da água, do inverno e da quietude; yin da introspecção, do cuidado e da profundidade; yin da lua e da terra mãe.
Mas mulher também é o yang do fogo que queima e transforma, do vento que gera movimento, do sol que brilhando vibra energia e ilumina o céu .
Mulher é o feminino da eterna complementariedade entre yin e yang, estas faces alternadas do mesmo movimento contínuo.
Mulher é corpo, mas não esse corpo-mármore constantemente esculpido pelo social. Mulher é corpo-significado, corpo-significante de vida em mutação, vida em evolução.
Mulher é corpo-corporeidade. Corporeidade que é a consciência do cosmo em nós. A inscrição do macro no micro que somos.
Mulher é corpo-força de organização da vida concreta. Corpo que, com o seu poder de transformação e interação, reescreve a história do macro.
Mulher é corpo que é forma. Não uma forma qualquer, mas a forma onde está impresso o conhecimento do universo, onde está escrita a história da nossa ancestralidade e que conta da nossa experiência, da nossa vivência.
Mulher é corpo. Corpo que é meu. Corpo que sou eu. Corpo que é o melhor de mim que eu desenvolvi até agora.
Corpo que é sábio, que reconhece na sua própria formatação todo o conhecimento que ali está inserido. Conhecimento que se expressa em nós e que traz registros de tempos idos e de tempos que virão.
Corpo que se transforma naturalmente, porque mutante é a vida. Vida que é continuidade.
Enfim, mulher é forma. Forma que é o espelhamento do nosso eu, no aqui e agora: um apanhado do que fomos, uma faceta renovável do que somos e um projeto, mutante e mutável, do que seremos.
O que sei é que a mulher tem a firmeza viva das pedras, o movimento das ondas do mar, a energia das cachoeiras e cascatas, a luz inebriante do sol, a sensualidade radiante da lua, o brilho singelo das estrelas, a fluidez contagiante das águas, a irreverência do vento e a riqueza curvilínea das montanhas.
Afinal é assim que somos: pesquisadoras de nós mesmas, fortes na nossa aparente fragilidade, possuidoras de uma imensa capacidade pessoal de renovação e detentoras de um grande e peculiar potencial de transformação do que nos cerca. Isto porque temos em nós a múltipla possibilidade da criação e a forma mágica da mandala espiralada da vida.
FEILIZ DIA DA MULHER
Maria Tereza Naves Agrello