Boa tarde!!!!
Estou bastante apreensiva com o número de pessoas que dizem estar tomando antidepressivos e ansiolíticos.
Tem sido comum ouvir coisas como do tipo:
_ Só tenho conseguido dormir à base de remédio.
A minha cara de terror deve realmente ser muito evidente quando ouço isso, porque algumas pessoas tentam me convencer que tomar um "remedinho" não tem o menor problema, já que estão tomando só uma "metadinha".
E as indicação de conhecidos?
"Diagnósticos" de depressão e ansiedade são feitos a três por quatro, em rodas de amigos, encontros casuais no meio da rua, festinhas de criança, etc e tal.
Junto já vai a prescrição:
_ Toma "isso assim assim" que é muito bom para o seu caso.
Muitas vezes ainda segue um comentário:
_ Eu tomei e foi bom que só.
Ou então:
_ Fulano tomou e foi ótimo pra ele.
Como é mesmo que diz o ditado popular?
"De médico e de louco todo mundo tem um pouco".
Ai, iai, iai, iai, iai...
O nome de alguns remédios fortes correm na boca das pessoas de uma forma tão banalizada que é assustador.
Outro dia, no ônibus, ouvi dois adolescentes conversando sobre tais medicações com tanta naturalidade e conhecimento de causa que pasmei. Um deles contou que usava "aquela assim" para dormir . O outro amigo respondeu na mesma hora dizendo que usava "aquele assado".
Isso é assustador!!!!
Até parece que vivemos numa sociedade que cultua mais a doença do que a saúde.
Sera?
Tenho a impressão que dá mais ibope social estar com isso ou aquilo, ter ido ao médico assim ou assado, estar tomando esse ou aquele remédio, do que não ter nada.
Fico me perguntando até que ponto a máxima "médico bom é médico que dá remédio" está entranhada no imaginário popular.
Claro que para determinados casos o remédio pode ser bom. Porém...
"tudo é bom, mas sem exagero", né???
O que me aterroriza é que, no meu entender, com muita frequência, nós estamos deslocando, para o médico, para os remédios, para os tratamentos milagrosos - assim como para a escola, para as autoridades (e outras tantas coisas) - aquilo que é nosso.
Estamos projetando para o outro aquilo que é da nossa "competência", ou seja, aquilo que nos compete fazer.
O movimento de saúde é um processo contínuo de atenção e respeito consigo.
É comprometimento com o "self".
É responsabilizar-se por si, cotidianamente.
Experimentar, usufruir, viver "saúde" requer tempo.
Tempo para cuidar de si.
Tempo para experimentar-se.
Tempo para sentir-se.
Tempo para mover-se.
Tempo para ser, quem se é.
Tempo para fazer por si.
Já até estou ouvindo alguns dizerem:
_ Mas eu não tenho tempo.
Então...
é preciso fazer também o tempo.
É preciso rever prioridades.
Ou melhor,
é preciso se colocar como prioridade.
Talvez alguns digam que isso é egoísmo.
Mas eu penso bem diferente.
Eu costumo dizer que vejo o mundo através do corpo , sendo assim, vou usar um exemplo do corpo para ilustrar meu pensamento:
Para caminhar, avançar, nós alternamos nossos passos entre o pé esquerdo e o direito, sincronicamente, harmonicamente.
Assim conquistamos o equilíbrio perfeito para o deslocamento - esquerdo, direito, esquerdo, direito... e por aí a fora vai.
Nesse exemplo, chamarei o pé esquerdo de "eu" e o pé direito de "outro".
Deixo livre para cada um nominar esse "OUTRO" como bem entender (trabalho, filho, marido, pai, mãe, amante, chefe, professor, aluno...).
Sendo assim, o nosso avançar pela vida equilibra, naturalmente eu, outro, eu, outro, eu, outro, eu, outro...
Ou seja, pensar em si, não é egoísmo.
É parte natural do nosso processo de evolução.
Ter tempo para si, não é perda de tempo. É necessidade.
Entendo que quando a gente realmente ouve a si mesmo e responde ao que ouviu, naturalmente a gente se habilita a ouvir o outro e assim o movimento da vida se estabelece.
Por que é então que tendemos a contradizer as leis naturais?
Mas o que tem isso a ver com o início desse texto?
Para mim tem tudo.
No meu entender, a diminuição do uso abusivo de medicamentos, como temos visto, esta associada a muitos fatores externos, mas principalmente internos ao indivíduo.
Mudar esse quadro implica mudar comportamentos.
Implica principalmente na mudança de comportamento do indivíduo com ele mesmo.
Dentre essas mudanças eu enfatizo a urgência de se repensar o corpo e a relação que temos com ele.
Muito mais do que um amontoado de ossos e músculos;
um punhado de células, órgãos e sistemas - que se põe, tira, troca, faz e refaz -,
o corpo é "veículo da expressão -
ele vive, registra, reage, reflete e revela os experimentos e os aprendizados do Ser, em sua grande viagem no mundo físico (Seja! Leitura Corporal em Revista. Ano 1, n°1, fevereiro/2000)".
Esse corpo, composto por tantos corpos - físico, mental, emocional, além dos mais sutis - é. portador de uma sabedoria inigualável, da qual sabemos apenas algo entorno de 15%, talvez 20%.
Não podemos nos esquecer que muitos dos medicamentos que compramos nas farmácias foram sintetizados reproduzindo o que temos em nossos corpos.
Nosso corpo produz, naturalmente, substâncias que baixam nossos níveis de ansiedade, que promovem nosso bem estar, que nos tiram da depressão e que fazem outras tantas funções. Quantas? Quais? Como?
Não podemos dizer tudo, nem quantificar tudo.
Estamos ainda aprendendo sobre isso.
Eu diria que a humanidade já caminhou bastante na estrada do conhecimento sobre o corpo, mas ainda falta muito por caminhar.
Temos muito a aprender, a escutar, a experimentar...
há outros 80% por descobrir, por sentir, por reconhecer, por entender, por assimilar...
Hoje o que eu posso dizer - existem estudos que corroboram - é que atividades simples como caminhar, por exemplo, fazem uma grande diferença nos níveis de substâncias corporais, que interferem nos quadros de depressão, ansiedade e bem estar.
Agora, sugiro que vocês que estão lendo esse texto façam algumas experimentações e observem como o corpo reage.
O que proponho???
Massagear os pés.
Isso mesmo.
Proponho que massageiem os pés, antes de dormir, começando pelos artelhos (dedos dos pés), um por um, articulação por articulação, amassando e amaciando bem os músculos, como se os pés fossem uma deliciosa massa de pão que a gente sova para amaciar.
Depois que sentirem que a consistência mudou, que ficaram diferentes, deitem e durmam.
Observem o que acontece com o sono.
Façam outras vezes e continuem observando.
Repitam quando desejarem, quando o corpo pedir.
Com certeza ele vai pedir.
Já estou curiosa para saber o que vão observar.
Se quiserem partilhar comigo, pelo blog ou pelo e-mail, o que observarem, terei o maior prazer em saber.
Dar tempo para que o corpo se manifeste;
ter tempo para escutar essas manifestações e demandas - que com toda certeza não são apenas de dor e sofrimento -;
achar tempo e criar disponibilidade para responder a elas,
no meu entender,
são atitudes básicas para a mudança da relação conosco e para a reformulação - substancial - do compromisso com o nosso bem estar.
Enfim, o que proponho é que nos disponibilizemos para "um outro olhar sobre o templo onde a emoção torna-se palpável: o corpo".
Isso para mim é vida, vida com qualidade.
Maria Tereza Naves Agrello
Estou bastante apreensiva com o número de pessoas que dizem estar tomando antidepressivos e ansiolíticos.
Tem sido comum ouvir coisas como do tipo:
_ Só tenho conseguido dormir à base de remédio.
A minha cara de terror deve realmente ser muito evidente quando ouço isso, porque algumas pessoas tentam me convencer que tomar um "remedinho" não tem o menor problema, já que estão tomando só uma "metadinha".
E as indicação de conhecidos?
"Diagnósticos" de depressão e ansiedade são feitos a três por quatro, em rodas de amigos, encontros casuais no meio da rua, festinhas de criança, etc e tal.
Junto já vai a prescrição:
_ Toma "isso assim assim" que é muito bom para o seu caso.
Muitas vezes ainda segue um comentário:
_ Eu tomei e foi bom que só.
Ou então:
_ Fulano tomou e foi ótimo pra ele.
Como é mesmo que diz o ditado popular?
"De médico e de louco todo mundo tem um pouco".
Ai, iai, iai, iai, iai...
O nome de alguns remédios fortes correm na boca das pessoas de uma forma tão banalizada que é assustador.
Outro dia, no ônibus, ouvi dois adolescentes conversando sobre tais medicações com tanta naturalidade e conhecimento de causa que pasmei. Um deles contou que usava "aquela assim" para dormir . O outro amigo respondeu na mesma hora dizendo que usava "aquele assado".
Isso é assustador!!!!
Até parece que vivemos numa sociedade que cultua mais a doença do que a saúde.
Sera?
Tenho a impressão que dá mais ibope social estar com isso ou aquilo, ter ido ao médico assim ou assado, estar tomando esse ou aquele remédio, do que não ter nada.
Fico me perguntando até que ponto a máxima "médico bom é médico que dá remédio" está entranhada no imaginário popular.
Claro que para determinados casos o remédio pode ser bom. Porém...
"tudo é bom, mas sem exagero", né???
O que me aterroriza é que, no meu entender, com muita frequência, nós estamos deslocando, para o médico, para os remédios, para os tratamentos milagrosos - assim como para a escola, para as autoridades (e outras tantas coisas) - aquilo que é nosso.
Estamos projetando para o outro aquilo que é da nossa "competência", ou seja, aquilo que nos compete fazer.
O movimento de saúde é um processo contínuo de atenção e respeito consigo.
É comprometimento com o "self".
É responsabilizar-se por si, cotidianamente.
Experimentar, usufruir, viver "saúde" requer tempo.
Tempo para cuidar de si.
Tempo para experimentar-se.
Tempo para sentir-se.
Tempo para mover-se.
Tempo para ser, quem se é.
Tempo para fazer por si.
Já até estou ouvindo alguns dizerem:
_ Mas eu não tenho tempo.
Então...
é preciso fazer também o tempo.
É preciso rever prioridades.
Ou melhor,
é preciso se colocar como prioridade.
Talvez alguns digam que isso é egoísmo.
Mas eu penso bem diferente.
Eu costumo dizer que vejo o mundo através do corpo , sendo assim, vou usar um exemplo do corpo para ilustrar meu pensamento:
Para caminhar, avançar, nós alternamos nossos passos entre o pé esquerdo e o direito, sincronicamente, harmonicamente.
Assim conquistamos o equilíbrio perfeito para o deslocamento - esquerdo, direito, esquerdo, direito... e por aí a fora vai.
Nesse exemplo, chamarei o pé esquerdo de "eu" e o pé direito de "outro".
Deixo livre para cada um nominar esse "OUTRO" como bem entender (trabalho, filho, marido, pai, mãe, amante, chefe, professor, aluno...).
Sendo assim, o nosso avançar pela vida equilibra, naturalmente eu, outro, eu, outro, eu, outro, eu, outro...
Ou seja, pensar em si, não é egoísmo.
É parte natural do nosso processo de evolução.
Ter tempo para si, não é perda de tempo. É necessidade.
Entendo que quando a gente realmente ouve a si mesmo e responde ao que ouviu, naturalmente a gente se habilita a ouvir o outro e assim o movimento da vida se estabelece.
Por que é então que tendemos a contradizer as leis naturais?
Mas o que tem isso a ver com o início desse texto?
Para mim tem tudo.
No meu entender, a diminuição do uso abusivo de medicamentos, como temos visto, esta associada a muitos fatores externos, mas principalmente internos ao indivíduo.
Mudar esse quadro implica mudar comportamentos.
Implica principalmente na mudança de comportamento do indivíduo com ele mesmo.
Dentre essas mudanças eu enfatizo a urgência de se repensar o corpo e a relação que temos com ele.
Muito mais do que um amontoado de ossos e músculos;
um punhado de células, órgãos e sistemas - que se põe, tira, troca, faz e refaz -,
o corpo é "veículo da expressão -
ele vive, registra, reage, reflete e revela os experimentos e os aprendizados do Ser, em sua grande viagem no mundo físico (Seja! Leitura Corporal em Revista. Ano 1, n°1, fevereiro/2000)".
Esse corpo, composto por tantos corpos - físico, mental, emocional, além dos mais sutis - é. portador de uma sabedoria inigualável, da qual sabemos apenas algo entorno de 15%, talvez 20%.
Não podemos nos esquecer que muitos dos medicamentos que compramos nas farmácias foram sintetizados reproduzindo o que temos em nossos corpos.
Nosso corpo produz, naturalmente, substâncias que baixam nossos níveis de ansiedade, que promovem nosso bem estar, que nos tiram da depressão e que fazem outras tantas funções. Quantas? Quais? Como?
Não podemos dizer tudo, nem quantificar tudo.
Estamos ainda aprendendo sobre isso.
Eu diria que a humanidade já caminhou bastante na estrada do conhecimento sobre o corpo, mas ainda falta muito por caminhar.
Temos muito a aprender, a escutar, a experimentar...
há outros 80% por descobrir, por sentir, por reconhecer, por entender, por assimilar...
Hoje o que eu posso dizer - existem estudos que corroboram - é que atividades simples como caminhar, por exemplo, fazem uma grande diferença nos níveis de substâncias corporais, que interferem nos quadros de depressão, ansiedade e bem estar.
Agora, sugiro que vocês que estão lendo esse texto façam algumas experimentações e observem como o corpo reage.
O que proponho???
Massagear os pés.
Isso mesmo.
Proponho que massageiem os pés, antes de dormir, começando pelos artelhos (dedos dos pés), um por um, articulação por articulação, amassando e amaciando bem os músculos, como se os pés fossem uma deliciosa massa de pão que a gente sova para amaciar.
Depois que sentirem que a consistência mudou, que ficaram diferentes, deitem e durmam.
Observem o que acontece com o sono.
Façam outras vezes e continuem observando.
Repitam quando desejarem, quando o corpo pedir.
Com certeza ele vai pedir.
Já estou curiosa para saber o que vão observar.
Se quiserem partilhar comigo, pelo blog ou pelo e-mail, o que observarem, terei o maior prazer em saber.
Dar tempo para que o corpo se manifeste;
ter tempo para escutar essas manifestações e demandas - que com toda certeza não são apenas de dor e sofrimento -;
achar tempo e criar disponibilidade para responder a elas,
no meu entender,
são atitudes básicas para a mudança da relação conosco e para a reformulação - substancial - do compromisso com o nosso bem estar.
Enfim, o que proponho é que nos disponibilizemos para "um outro olhar sobre o templo onde a emoção torna-se palpável: o corpo".
Isso para mim é vida, vida com qualidade.
Maria Tereza Naves Agrello