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OBESIDADE INFANTIL E O BRINCAR

A obesidade infantil tem despertando preocupações nas famílias e vem caminhando a passos largos como um aspecto bastante sério de saúde pública.

Recentemente, uma reportagem abordou a questão da cirurgia de estômago para crianças. 

Concordo com a postura de alguns profissionais que dizem que a cirurgia em alguns casos pode ser necessária, mas antes de se cogitar tal possibilidade muitas outras possibilidades devem ser tentadas e outras tantas atitudes devem ser mudadas.

Alguns outros aspectos eu desejo ventilar aqui:

Somos seres de movimento por essência.
O esperma de papai em movimento encontrou o óvulo de mamãe que veio descendo - em movimento - desde os ovários. 
Quando eles se encontraram formaram o ovo - uno - que em movimento foi se transformando e fazendo a especificação de cada um de nossas células até nos tornarmos o que somos. As transformações em permanente movimento continuam nos fazendo evoluir e desenvolve dia após dia. 
Movimento quase chega a ser sinônimo de vida. 
O contrário, a morte é caracterizado pela "rigidez cadavérica", a perda total de movimento.

Sendo assim fica uma questão: 
se somos seres de movimento, em princípio, o que estaria levando as pessoas a perderem o prazer pelo movimento corporal ? Em especial, o que estaria levando as crianças a perderem o prazer pelo movimento já que são as maiores representantes de toda a força de vida contida no movimento?

Outras questões também emergem:
Será que o que as crianças andam fazendo realmente as satisfazem?? Será que as preenchem, ou simplesmente enchem????

No início da década de 80 já nos perguntávamos sobre o futuro de nossas crianças vivendo nas cidades repletas de carros e de prédios que roubavam os espaços livres para o puro brincar. Imaginem essa prosa agora!!!!

Ao longo dos anos muitos outros elementos se uniram à este eixo de reflexão.

Sem traçar juízo de valor, quero evidenciar a relação da atividade física com o brincar.

De uns tempos para cá tenho observado algumas falas sobre atividade física para crianças que têm chamado minha atenção. Ouço com muita frequência coisas do tipo: 
_ Ah!!! Meu filho faz muita atividade física. Ele faz judo, natação, futebol. 
_ Ah!!! Minha filha faz isso, aquilo e aquilo outro. 

Legal!!! Que bom que eles fazem tudo isso, se é que eles têm prazer em fazer. 

Entendo que meus colegas da Educação Física têm feito trabalhos maravilhosos para tentar suprir um pouco da falta de movimento que vem assolando a sociedade de um modo geral. Outros tantos profissionais têm também dados contribuições lindas nesse sentido, mas... 

Mas e o tempo para brincar livremente, por onde anda???? 
E o espaço para a criançada subir, descer, pular, correr, transportar, cair, levantar, amarrar, arrumar, derrubar, refazer, construir, rolar, gritar, enfim experimentar seu próprio corpo sem ninguém ficar mandando ou determinando como, quando, onde, porque, a que horas ??? 

Brincar de pique esconde, pular corda, subir em árvores, andar de bicicleta, fazer corrida de saco, corrida do ovo, enfim brincar é extremamente vital e significativo para o SER criança. Além de ser um exercício físico invejável, o brincar promove a elaboração de experiências e a ressignifcação de comportamentos e atitudes que norteiam e dão referenciais.   

Sei que nós, pais e mães, muitas vezes chegamos cansados e não queremos mais nada. Ou melhor, queremos silêncio, paz e tranquilidade. 
Nessas horas é bem mais simples, fácil  e conveniente chamar nossas eficientes babas "Tevilesã"  e "Computino" (personagens do livro Contação das Quatro), quer dizer, televisão e computador. 
Mas, isso tem um preço. 
E um preço caro para nossas crianças, nossas famílias e nossa sociedade.


Brincar preenche. 

Brincar possibilita.

Brincar move.

Brincar transforma.

Brincar faz a vida acontecer. 


Por falar em brincar.... 

Que tal darmos uma reavaliada nos presentes que damos às nossas crianças??? 
Que tal optarmos por presentes onde a criançada possa fazer e acontecer, criar e recriar, experimentar, descobrir, inventar, usar a imaginação... ser criança.

Brinquedos onde a brincadeira já vem pronta, acabada, sem espaço para o inventivo... será que a criançada realmente precisa disso???? Será que ela quer realmente isso??? E se quer, será quanto disso que não é o efeito propaganda????

Na minha ótica, basta oferecer o básico que ela - criança - faz o resto. E como faz. 
Afinal em matéria de brincadeira os baixinhos são experts. 

FELIZ DIA DAS CRIANÇAS!!!!


Maria Tereza Naves Agrello
psicóloga, prof. ed. física e massoterapeuta
CRP-04: 13.506 e MEC-LP: 3047


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