Você tem
idoso na família????
Daqui para
frente, com a população do país e do planeta envelhecendo, raros serão os que
não terão.
Uma das
questões mais freqüentes a se observar no convívio com o idoso é a solidão.
Claro que
cada um de nós colhe a cada dia o que plantou no dia anterior. Então claro que
uma parte da solidão do idoso tem relação com o próprio estilo de vida que ele
plantou para ele.
Não vou
caminhar por esse lado porque esta é uma área de competência da própria pessoa
idosa.
Mas não é só
isso.
Newton já
evidenciou na sua terceira lei: Toda ação gera uma reação em intensidade igual
e em sentido contrário.
Pensando
nisso, alguns questionamentos surgem para mim que quero compartilhar:
Enquanto
familiar de idoso, até que ponto eu tenho contribuído para o seu isolamento?
Como tenho contribuído
para que saia do isolamento?
Quanto tempo
tenho dedicado a realmente estar com o “meu” idoso?
Qual a qualidade
desse contato???
O que tenho
acrescentado ao nosso relacionamento?
O que tenho
feito para estimulá-lo?
Sobre o que
tenho procurado conversar?
Quais novos
assuntos tenho trazido?
Quão maçante
eu tenho sido com ele?
Quantas vezes
fui visitá-lo no último mês?
Quantas vezes
eu o convidei para um passeio diferente?
Quantas vezes
escutei o que ele estava falando?
De acordo com
o que tenho observado, nós encontramos mil justificativas para não estarmos com os ‘nossos” idosos: falta de tempo, acúmulo de trabalho, prioridades e
inúmeras outras.
Mas parece-me
que a questão passa por outro lugar.
Em boa parte
dos casos, não sabemos o que fazer quando estamos ao lado de um idoso.
Tendemos a tratá-lo como surdo, retardado, incapaz, incompetente, desinformado...
e pouca vezes como ser humano.
Esquecemos que
ele tem uma bagagem de vida, que por pior que possa parecer é invejável,
repleta de anos de experiência no que quer que seja.
Quantas vezes tratamos "nossos" idosos como se eles fossem bonecos de porcelana, ou frágeis
estruturas de vidro prestes a partirem-se em mil pedacinhos?
Ou como se fossem desprovidos de inteligência?
Noutros momentos, tratamos como se fossem crianças de jardim da infância.
Não podemos
esquecer que esses senhores e senhoras possuem anos de vida, o que quer dizer
que eles já fizeram muita coisa na vida. Coisas que deram certo e outras tantas
que não deram, mas que com certeza trouxeram aprendizado. Eles já aprenderam a
se virar, já conquistaram coisas, já
perderam outras tantas; já compraram, já venderam; já amaram, já sofreram, já
sorriram, já choraram de tristeza e de alegria, já cantaram, já brigaram, já
odiaram, já tentaram, já conseguiram, já erraram, já acertaram, já frustram-se,
enfim... já viveram.
Diferentemente
de uma criança , eles possuem BAGAGEM, e das grandes.
Infelizmente,
ainda é comum encontrarmos idosos sendo tratados como se estivessem no
corredor da morte, só esperando a sua vez chegar. Remédios dados, necessidades
fisiológicas resolvidas... tá bom
obrigado.
Não!!! Não tá
bom, não.
Bem.. no meu
ponto de vista, enquanto há vida, há muito para o idoso fazer e aprender.
E
cabe a nós - que estamos em seu entorno - fazermos a diferença e promovermos
ações eficazes.
Já não dá mais
para cultivarmos justificativas estagnantes, sejam de quais ordens forem.
Se quisermos
contribuir como nossos idosos, precisamos auxiliá-los:
a resgatarem a curiosidade;
a terem
desafios e a vencê-los;
a reapropriarem-se do
movimento, mesmo que seja para a manutenção das funções básicas;
a contactarem as emoções ;
a despertarem desejos adormecidos e;
a construírem interesses novos.
Então a ideia
central é proporcionar aos nossos idosos todos os estímulos e oportunidades
possíveis, para que reconquistem toda a autônoma possível e o prazer de estarem vivos.
E olha!!
Não estou falando
em avanços tecnológicos ou implementos caríssimos.
Estou falando
em estímulos cotidianos pequeninos, mas importantes. Estou falando em ajudar,
mas não fazer por eles. Estou falando em estar com. Estou falando em participar
com eles; em escutar; em caminhar juntos
em lugares bonitos; em levar para fazer um passeio diferente; em ouvir uma
música junto; em convidar para ir até a nossa casa e não apenas ir à deles; em
conversar sobre uma experiência recente, em conjunto...
Remédios podem
ser opções importantes, mas certamente não são as únicas soluções. Alimentação
adequada, movimentos prazeroso, troca de afeto, com certeza são complementos
milagrosos, mas ainda há mais, muito mais que pode ser feito.
Ponha sua
cabeça para funcionar!!! E faça a sua parte!
Custa tão
pouco fazer a diferença!!!
Maria Tereza
Naves Agrello
psicologia, educação física e leitura corporal
CRP/04: 13.506 e MEC/LP: 3047