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Um olhar sobre ansiedade, medicamentos e meditação em tempos de pandemia.


     O momento que o planeta está passando com a pandemia da COVID-19 é bastante delicado. 
    Diferentes medos se misturam: de adoecer, morrer, perder as pessoas queridas, perder o emprego e renda, passar por dificuldades financeiras, transmitir o vírus são alguns, de engordar, da restrição de abastecimento, dentre outros.
     Agravado pela falta de atividade física, pela dificuldade de estabelecer um rotina, pela variação acentuada no horário de dormir e acordar, pelo distanciamento físico entre as pessoas, pela falta do abraço e do carinho, o isolamento social pode levar a diferentes complicações na saúde dos indivíduos: alterações de apetite, insônia e outros distúrbios de sono, aumento da ingestão de bebida alcoólica, conflitos interpessoais, violências, frustração, tédio, sentimento de solidão, ansiedade, dentre outros sofrimentos mentais. 
      Cabe lembrar que a ansiedade tem relação direta a insônia, podendo uma ser potencializadora da outra. Cuidar de uma é cuidar da outra. 
     Uma preocupação adicional é com o possível aumento do uso de medicamentos ansiolíticos, especialmente os benzodiazepínicos que são comumente usados nos quadros dessas duas manifestações. A literatura sinaliza que o uso inadequado desses medicamentos pode causar tolerância, a dependência e levar à ideação suicida. 
       Por outro lado, diferentes estudos têm demostrado a eficácia da meditação em diferentes aspectos da saúde, com destaque para a ansiedade e insônia. Além disso, ela favorece a mudança na plasticidade cerebral, que em última análise, é a modificação da organização estrutural e funcional do cérebro,  que potencializam a capacidade adaptativa e favorecem as respostas às experiências.
       De acordo com Kabat-Zinn, psicólogo considerado o pai do Mindfulness,  o momento da prática meditativa ajuda o indivíduo a manter certa estabilidade e resiliência, quando sob grande pressão, ou quando se esta passando por momentos de turbulência.
       Com certa frequência, eu escuto as pessoas dizerem que não conseguem meditar, ou que são muito agitadas para meditar, ou que meditação não é para elas. O que digo é: meditação não é só para "os escolhidos". Esta introspecção é uma habilidade que pode ser desenvolvida, exercitando-se a concentração e o foco no aqui e no agora. Pinturas rupestres sugerem que práticas similares já aconteciam ao redor do fogo, desde a época das cavernas.
        Existem inúmeras linhas e diferentes técnicas; existe a prática individual e a em grupo; existem as guiadas e as de livre fluência; o praticante pode escolher a que melhor lhe convier. Para os iniciantes, as meditações guiadas costumam favorecer a entrada no processo meditativo. 
       O tempo de duração da prática pode variar em função do dia, da experiência, ou de outras razões. O importante é que se mantenha a frequência, se possível, diária. 
       Costumo dizer que meditar é como caminhar: um dia a gente anda mais, outro menos; um dia a gente fica mais na superfície, outro vai mais fundo. Não existe uma regra. Tampouco, deve existir expectativa sobre o jeito certo de meditar, afinal, meditar é uma experiência única, pessoal e variável. Cada dia é um, cada meditação é uma. Sem igual.              
        Nesse momento em que o planeta esta passando por um momento tão delicado, reitero a prática da meditação como uma estratégia para mitigar os efeitos da pandemia e do confinamento, especialmente sobre a ansiedade e a insônia.

Maria Tereza Naves Agrello
CRP-MG: 13.506

Foto de Elias Sch., Pixabay
Referências: 
Kabat-Zinn, J. Full Catastrophe living: using the wisdom of your body to face stress, pain and illness. USA:  Bantam Bokks, 2013
Teles, L. O cérebro ansioso: aprenda a reconhecer, prevenir e tratar o maior transtorno moderno. SP: Alaúde editorial, 2018.
Votaw, R.V.; Geyer, R; Rieselbach, M.M.; McHugh, R.K. The epidemiology of benzodiazepine misuse: a systematic review. Drug Alcohol Depend. V.200, p.95-114. Maio/2019. 





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