Para a Leitura Corporal
tristeza é a melhor chance que o corpo nos da para nos aconchegarmos e entrarmos
em contato com a gente mesmo.
Tem hora que a tristeza é altamente
necessária para nos auxiliar a enxergar o que há dentro de nós mesmos e o que
de nós – habilidades, potencialidades... - podemos lançar mão para nos ajudar,
especialmente nos momentos difíceis.
Por exemplo: o que temos em
nós mesmos para nos ajudar a lidar com a perda de um pai; com a mudança de papéis
e funções que isso provoca; com a falta do contato físico e; com todas as
demais ressignificações que isso desencadeia.
Tristeza não é fragilidade,
é base de reconstrução.
Eu faço a seguinte analogia:
Imagine um quarto fechado e
escuro.
A gente passa na porta, olha
para ele, imagina que deve estar imundo e repleto de bagunças.
De alguma forma aquele
quarto nos incomoda, mas a gente continua mantendo a porta fechada e imaginando
como ele deve estar.
Vez por outra, a gente passa
e diz: _ Hum!! Não quero nem olhar a bagunça desse quarto.
Noutro dia: _ Eu preciso
tirar um tempo e arrumá-lo.
Noutro ainda, a história se
repete: _ Qualquer hora vou arrumar esse quarto.
E assim seguimos nossa
vidinha, olhando para o quartinho, o quartinho olhando para a gente e ...
_ Qualquer hora, qualquer
hora eu vou arrumar esse quarto.
A bagunça parece que toma ares
inimagináveis e o “monstro” do quarto cresce em nós.
Mas, dentro do possível, vamos
pensar pelo lado concreto:
Com a porta fechada não
podemos ir muito longe, né???
Para arrumar o quarto é
preciso, no mínimo, abrir a porta, descerrar as janelas, deixar o ar entrar e
permitir que a luz ocupe o espaço permitindo que cada canto e recanto seja
visto.
Antes de arrumar é preciso primeiro enxergar o
que tem dentro do quarto, ver o tamanho da bagunça, ver quão sujo ele esta e
como é essa sujeira.
A partir desse movimento é
possível analisar qual o instrumental necessário para a limpeza - água, sabão, balde,
pano de chão, rodo... – ; o que é lixo; o que se quer preservar; o que se quer
colocar em lugar de destaque; o que se quer dar e; assim por diante.
Sem o tempo para parar, abrir
a porta do quarto, deixar a luz entrar e o ar ventilar o diferente, não é
possível nenhuma arrumação, nenhuma mudança, nenhuma transformação.
No meu ponto de vista, essa
é a função da tristeza: nos dar o tempo para olharmos para dentro, abrirmos a
porta do nosso quarto interno, deixar a luz entrar, ventilar nossas emoções e
sentimentos e... partir para a arrumação de nós mesmos.
Maria
Tereza Naves Agrello
psicóloga, prof. ed. física e massoterapeutal
CRP-04:
13.506 e MEC-LP: 3047