Ao longo da minha vida, no mês de dezembro, minha mãe preparava
a casa para a celebração de Natal.
O presépio era sempre algo especial , apesar da
simplicidade. Ela envolvia pedras e
pedaços de tijolos com papeis diferentes, que imitavam pedras e musgos, para
formar a montanha e a manjedoura; algumas casinhas de barro, da tradição
mineira, ao longe na “montanha”, representavam Belém; um espelho velho formava o lago com patinhos; os
animais ficavam espalhas por todos os cantos; os três reis magos, vindo ao
longe; a “estrela-guia” ; Maria, José, o menino Jesus deitado num berço de
palha, o Divino Espírito Santo. Cada ano ela fazia variações criativas sobre a
mesma temática, numa harmonia simples e única que encantava os olhos e aguçava
a curiosidade.
A árvore de natal, normalmente, grande e natural, era decorada
com luzinhas coloridas, bolas de diferentes tamanhos e enfeites variados; os pendentes
em espirais, que faziam a magia do movimento ao sabor do vento, completavam a
decoração. Aos pés da árvore, uma montanha de pacotes, no geral lembrancinhas
simples mas que com seus papeis coloridos enchiam os olhos da criançada.
A casa ficava repleta de enfeites por todos os cantos. O
grande pinheiro, que ficava no jardim, era enfeitado com uma grande quantidade
de luzes, dando boas vindas à todos.
Meia noite, com toda a família ao redor da árvore, a “Mamãe-Noel”,
com seus ajudantes, distribuía os presentes. A oração pelas conquistas e agradecimentos
era feita ao redor da mesa, com todos de mãos dadas. Depois, todos íamos
saborear as delícias natalinas que já enchiam o ambiente com aquele cheiro
delicioso.
As crianças iam rápido para a cama, porque o “Papai-Noel”
passaria deixando os presentes das cartinhas, só depois que fossem dormir. O
despertar, na manhã seguinte, era repleto de expectativas.
Este ano, a significação
do presépio voltou a chamar minha atenção. Lembrei-me também de um texto do
Malcolm Montgomery em que eu li que quando uma criança nasce, na realidade,
acontecem quatro nascimentos: o de uma criança, o de um pai, o de uma mãe e o de
uma família.
Desde a fecundação somos família, 50% do pai, 50% da mãe. E a partir daí nós nos fazemos uno e todo o milagre da vida acontece.
Desde a fecundação somos família, 50% do pai, 50% da mãe. E a partir daí nós nos fazemos uno e todo o milagre da vida acontece.
Independentemente de como seja essa família, ela passa a
existir. Independente, de como seja a ligação e o contato de cada um de seus
membros, existe uma família. Anônima,
conhecida, desconhecida, convencional,
não convencional, amada, rejeitada; família grande, família pequena, família de
um, família de dois, família de mil... sempre existe uma família por traz de
cada um de nós.
O Natal é a celebração da magia do nascer. É a celebração do
nascimento de Jesus Cristo e também dos outros nascimentos; é a celebração da família; é a celebração da nossa família.
Onde quer que cada um esteja; seja lá como cada um for; por
mais variada e inusitada que possa ser a sua constituição, nossa família É A
NOSSA FAMÍLIA.
Natal é a celebração de Jesus bebê. O feto, no ventre da mãe,
fez milhões de mutações para se tornar um bebê. Ao nascer, o bebê traz consigo essa
marca; ele traz a força e a vitalidade da mutação, do eterno “vir a ser”, da
transformação...
Natal é celebração da vida e ele em si é vivo, é dinâmico, é mutante... o mais legal nisso tudo é que, como tal, podemos acrescentar "milhões" de significações a ele, a cada celebração que fazemos.
Sendo assim, Natal é tempo de revisão; de ligação e de religação;
de reaproximação; de revitalização do sentido e do sentimento de família. É
tempo de perdão; de reconstrução; de nascimento do novo na dinâmica familiar...
e; claro, é tempo de nos presentearmos enquanto família.
Neste Natal, desejo a todos: revitalização da capacidade de “vir
a ser” e força para transformar o que precisa ser transformado dentro da
vibração divina do nosso universo familiar.
FELIZ NATAL !!!
Maria Tereza e família