Quando estamos com nossa jarra de água e alguém nos pede um copo de água, normalmente nos damos um pouco de água para essa pessoa, e também para a água que nos pede, e para a outra, e a outra, e a outra.
Isso,
talvez, tenha o nome de compaixão, solidariedade, empatia, consideração...
Talvez, ainda,
outras tantas palavras possam representar o sentimento, a sensação que a gente
sente quando faz isso.
Mas, e
se a água da jarra acabar?
Já me responderam...
Eu vou
até o filtro e encho a jarra.
Outros falaram,
eu vou à bica e encho a jarra.
E houve
quem dissesse, eu vou até a fonte e encho a jarra.
Pois
é... se a gente quiser continuar ofertando água, é preciso encher a jarra,
continuamente.
Com os
sentimentos, com as emoções... também é assim: é preciso renovar.
É
preciso se preencher, se quiser ofertar. É preciso se preencher de amor, se
quiser continuar ofertando amor, é preciso se preencher de respeito se quiser
ofertar respeito...
É
preciso preencher-se; é preciso nutrir-se de para poder ofertar; é preciso se permitir
ter em si, para poder irradiar, é preciso se deixar ser para partilhar.
Ouvi contar que, Aristóteles, aquele da Grécia antiga, dizia que filáucia é uma virtude que
consiste em amar a si mesmo na medida certa, sem excesso, nem carência,
integrando no afeto a busca ideal do Bem e do Belo. Ele dizia isso 300 anos
antes de Cristo.
Talvez a
gente esteja precisando desenvolver um pouco mais essa virtude, a filáucia, que
eu nem sabia que existia. Talvez a humanidade esteja esquecida dela.
Mas e o egoísmo?
O vangloriar-se? O narcisismo? A
egolatria? A empáfia? A vaidade?
Talvez...
Mas
quando a gente está no filtro, enchendo a jarra de água, existe um momento, e a
gente sabe quando é esse momento, que é preciso desligar a torneira para a água
não derramar.
O corpo
sabe quando é preciso lançar a perna direita à frente, e depois a esquerda, e
novamente a direita, e depois a esquerda outra vez, se a gente quiser caminhar.
O corpo
sabe quando parar de inspirar, e depois expirar.
O
coração sabe quando se alternar na sístole e na diástole.
Isso é
sabedoria interna.
Autoestima
não é vaidade.
Cuidar-se
não é egoísmo... como a própria palavra já diz é cuidado. É carinho consigo, é
encher a própria jarrinha para depois ter o que partilhar.
Talvez
isso seja a tal filáucia, a tal virtude que Aristóteles dizia.
Se é
virtude, é dádiva...
É nossas
dádivas são nossas contribuições para o planeta, para a humanidade, são a água
da nossa jarra interna.
Maria Tereza Naves Agrello
CRP-MG: 13.506 e MEC-LP: 3047
CRP-MG: 13.506 e MEC-LP: 3047