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PARA ALÉM DOS SHOPPINGS, PARA ALÉM DA “saúde”

Há algum tempo, recebi um jovem de 15 anos encaminhado com queixa de timidez e retração social. Sua voz parecia sair com dificuldade de seu peito, vinha em frases curtas um pouco emboladas. As palavras, na sua maioria, eram monossilábicas, as demais vinham sem algumas letras, não sei se por terem sido engolidas ou se por nunca terem participado da construção cognitiva desse belo rapaz, talvez por ele nunca tê-las ouvido, visto que a fala local é bastante “pitoresca”. No processo de atendimento, quando consegui que ele me olhasse nos olhos, após muitos momentos de descontração, descobri um jovem com olhar intenso, sorriso lindo e muita, muita, muita vergonha de ter dificuldades na escola.  Ele já havia feito vários exames e nada encontravam, a não ser o mesmo quadro de semianalfabetismo que eu estava observando. Sua opção para lidar com o universo social era o "fechamento" em si, na tentativa de passar desapercebido.  Continuando a investigação sobre

PORTA FECHADA

Bem... O que representa uma porta fechada? Eu diria que milhares de coisas. Cada um ao ver uma porta fechada pensa uma coisa diferente.   E a cada porta que encontramos fechada outras tantas significações podem surgir. Eu diria que o universo imaginário e o universo simbólico de uma porta fechada é infindável. Ok. “Viajações” à parte, vamos para o básico: Bater antes de entrar. Puxa!!! Como isso é simples! Porém, como isso é tão difícil! Esse é um aprendizado de repeito e de boa convivência bastante antigo. Tenho observado que essa norma, tão simples e básica de convívio, tem sido bastante violada. Por onde andam os contornos que delineiam as relações? Entrar no espaço do outro requer “consentimento” (por que não “com sentimento”?), caso contrário vira invasão. Isso também faz refletir sobre respeito. Entrar no espaço do outro requer respeito. Permitir que o outro entre no nosso espaço também requer respeito: Respeito por si, pelas

MENSAGEM DE NATAL 2014

Ao longo da minha vida, no mês de dezembro, minha mãe preparava a casa para a celebração de Natal. O presépio era sempre algo especial , apesar da simplicidade.  Ela envolvia pedras e pedaços de tijolos com papeis diferentes, que imitavam pedras e musgos, para formar a montanha e a manjedoura; algumas casinhas de barro, da tradição mineira, ao longe na “montanha”, representavam Belém;  um espelho velho formava o lago com patinhos; os animais ficavam espalhas por todos os cantos; os três reis magos, vindo ao longe; a “estrela-guia” ; Maria, José, o menino Jesus deitado num berço de palha, o Divino Espírito Santo. Cada ano ela fazia variações criativas sobre a mesma temática, numa harmonia simples e única que encantava os olhos e aguçava a curiosidade. A árvore de natal, normalmente, grande e natural, era decorada com luzinhas coloridas, bolas de diferentes tamanhos e enfeites variados; os pendentes em espirais, que faziam a magia do movimento ao sabor do vento, completavam a de

LANÇANDO OLHARES SOBRE O CORPO...

        “Suponhamos, como nos contos de fadas em que as coisas mudam de formas, que o corpo é um  Deus por si só, um mestre, um mentor, um guia autorizado. E daí? Seria prudente passar a vida inteira torturando esse mestre que tem tanto a dar e a ensinar? Desejamos passar a vida inteira permitindo que os outros depreciem nossos corpos, julguem-nos, considerem-nos defeituosos? Será que temos força suficiente para renegarmos o pensamento geral e prestar atenção, com profundidade e sinceridade, ao nosso corpo como um ente poderoso e sagrado?         Está errada a imagem vigente na nossa cultura do corpo exclusivamente como escultura. O corpo não é de mármore. Não é essa a sua finalidade.  A sua finalidade é de proteger, conter, apoiar e atiçar o espírito e alma em seu interior, a de ser um repositório para as recordações, a de nos encher de sensações - ou seja o supremo alimento da psique. É a de nos elevar e de nos impulsionar, de nos impregnar de sensações para provar que existim

CORPO-SUJEITO-GRÁVIDO

A perspectiva que separa corpo e mente como se fossem fragmentos amontoados do sujeito, leva-nos a construir uma imagem de corpo e mente como duas entidades distintas e independentes. No entanto, podem imaginar corpos “belos e perfeitos” caminhando no calçadão de Copacabana, no Rio, ou na Avenida Bandeirantes, em Belo Horizonte, enquanto suas respectivas cabeças permanecem assoberbadas, debruçadas sobre carteiras de salas de aula, ou sobre mesas de empresas e escritórios, pensando em grandes projetos intelectuais? O corpo pode ser  dicotomizado  assim? O corpo enquanto gestalt (forma) é a mediação do indivíduo com o social ao mesmo tempo em que é o registro da existência concreta do sujeito.  Corpo é o próprio existir. Em várias etapas do desenvolvimento do indivíduo, ou seja, no processo de aquisição da individualidade, ou da  singularização  do  eu-sujeito , a referência concreta do  corpo-gestalt  é marcadamente importante. Na primeira infância, na adolescênc

QUALIDADE DO SONO

Tenho observado que as queixas ligadas à dificuldade de dormir são cada vez mais frequentes. Paralelamente, tenho ficado alarmada com a banalidade com que remédios para dormir estão sendo utilizados. Há algum tempo, ouvi uma conversa entre adolescentes, em seus uniformes de colégio, o que me fez supor que tinham entre 15 e 17 anos, 18 no máximo. Eu fiquei aterrorizada. Um deles disse que não andava dormindo direito e que estava tomando um determinado remédio. O outro acrescentou de imediato: Você esta tomando esse? Eu estou tomando aquele outro assim assado. Por motivos óbvios não direi os nomes dos respectivos medicamentos, porém uma coisa posso dizer: ambos eram tarja preta. Eu não podia acreditar no que eu estava ouvindo. Olhei algumas vezes para confirmar a suposição de idades que eu estava fazendo.  E... realmente... eram meninos.  Eram mesmo alunos de escola, no máximo cursando o ensino médio, e já estavam com uma prosa tão... tão...  tão... Estou sem palavras

Indança: entre prosa, caminhada e planos. - Hotel fazenda em São Gonçalo do Bação

Bom dia, pessoal. Nos últimos dias, fazendo algumas pesquisas para novos projetos da INDANÇA, eu tive o prazer de conhecer o Rodrigo, do Hotel Fazenda Caco de Cuia, que me convidou para conhecer o local, em São Gonçalo do Bação, distrito de Itabirito, no entorno de BH. Já sou apaixonada pela região que é linda e, dentre outras coisas, possui um belíssimo visual da cordilheira do Espinhaço. Alguns de vocês já devem ter visto imagens que postei: A visita foi super agradável: Iniciamos o dia tomando um delicioso café com quitandas. O biscoito novinho de fubá fora feito na região. Hummmm!!! Que delícia!!! Depois saímos para uma caminhada por trilhas dentro de áreas de mata atlântica; passamos por jacarandás, angicos, candeias, bambuzais, quedas d’água...   Conversamos muito, apreciamos o visual, trocamos ideias, falamos de planos... Hora do almoço: A comida caseira, feita pela simpática cozinheira, estava divina: arro